20 de Junho de 2017 Fonte: CPS Entre as 66 Faculdades de Tecnologia do Estado (Fatecs), 35 já possuem revistas científicas próprias, publicações que conectam os estudantes com o ambiente científico e facilitam a divulgação da produção acadêmica das unidades. Outras 18 faculdades estudam desenvolver seus veículos até o final do ano. A maioria das revistas foi criada nos últimos três anos, o que demonstra uma preocupação recente e crescente das Fatecs em fortalecer o trabalho científico e sua ponte com a sociedade. Do total de publicações, 18 já integram o Qualis, sistema de classificação de periódicos nacionais e internacionais da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), ligada ao Ministério da Educação. “A revista científica é a maneira mais rápida de veicular um estudo e alcançar o seu público-alvo”, explica o presidente da Associação Brasileira de Editores Científicos (Abec), Rui Seabra. “Na Abec, verificamos um maior número de periódicos brasileiros indexados internacionalmente. No entanto, os editores devem ser sempre criteriosos quanto à qualidade dos artigos publicados e éticos na conduta da política editorial”, diz. Além de tornarem pública a produção científica, as revistas funcionam como porta de entrada para novos pesquisadores. É por meio delas que os estudantes entram em contato com técnicas de redação científica, se aprofundam nesse tipo de literatura e se aproximam do conhecimento prático desenvolvido nos laboratórios. Esse “treinamento científico” contribui ainda para a maior competitividade dos estudantes na disputa por cursos e bolsas de pós-graduação. Na Fatec Jundiaí, a Revista Eletrônica de Tecnologia e Cultura (RETC), em versão exclusivamente eletrônica, é uma publicação trimestral, que surgiu em 2009. Inicialmente, era voltada apenas a alunos e professores da faculdade. Com o tempo, foi se diversificando e atualmente recebe artigos de diversas Fatecs e de outras instituições de ensino. De acordo com Sueli Batista, editora-gerente da RETC, anualmente, são publicados, em média, entre 30 e 40 artigos por edição. “Consideramos a revista científica um projeto permanente de extensão. A publicação recebe e divulga trabalhos produzidos em outras instituições, contribuindo para que a educação profissional e tecnológica esteja presente na cena acadêmica brasileira”, ressalta. Outra revista que tem por objetivo expandir as atividades de pesquisa desenvolvidas na unidade é a da Fatec Itu. O número zero da V@rvItu – Revista de Ciência, Tecnologia e Cultura foi divulgado em junho de 2012. A cada edição digital, dez artigos inéditos são publicados. Segundo o editor da publicação, Laerte Fedrigo, a revista tem como princípio difundir ideias que favoreçam a reflexão sobre o papel da ciência e da tecnologia. “É por meio desse canal que a sociedade toma conhecimento de um trabalho de pesquisa, evidenciando o que esses resultados representam para a coletividade e como são percebidos no espaço em que vivemos”, diz. Além das Fatecs, o Centro Paula Souza também tem a sua própria revista acadêmica. Trata-se da CBTecLE, que surgiu após o III Congresso Brasileiro de Línguas Estrangeiras na Formação Técnica e Tecnológica. A publicação digital foi lançada no primeiro semestre de 2017 e é uma criação da Coordenação de Línguas das Fatecs e do CESU (Unidade de Ensino Superior de Graduação). O principal objetivo da revista é incentivar professores, pesquisadores e acadêmicos de diferentes instituições do Brasil e do exterior a divulgarem suas produções referentes ao ensino de línguas. Para o ex-aluno do curso superior tecnológico de Eventos da Fatec Jundiaí, Rodrigo Emerick, autor do artigo Qualidade de vida que a prática esportiva e/ou atividade física traz por meio de um evento, a publicação traz benefícios para os estudantes. "Cria credibilidade para a instituição e incentiva o aluno a produzir conteúdo”, afirma. Mas a autoria dos artigos das publicações das Fatecs não fica restrita aos alunos. Os professores também podem colaborar. “É importante que as faculdades e programas de pós-graduação mantenham publicações periódicas para divulgação de suas posições no meio acadêmico, que comporta diversidades ideológicas, tanto de discentes como de docentes”, afirma o professor de Economia da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUCSP) Antônio de Moraes. Ele publicou uma análise sobre a concepção do Estado na perspectiva da Economia Política Clássica na quinta edição da revista V@rvitu. Em alguns casos, alunos e professores colaboram no mesmo artigo. É o caso do texto O desenvolvimento de jogos eletrônicos como estratégia da economia criativa, escrito pelo aluno de Gestão da Tecnologia da Informação Augusto Vasto e pela professora de Contabilidade Ruth dos Santos, ambos da Fatec Itu. Segundo ela, o aprofundamento de novos horizontes, assim como a manutenção da ciência como tema recorrente na instituição são os principais benefícios das revistas científicas. O artigo será publicado na próxima edição da revista V@rvitu. O movimento nas Fatecs reflete uma tendência nacional. O número de pesquisadores no Brasil aumentou 11%, em 2016 em relação à 2014, segundo o Censo do Diretório dos Grupos de Pesquisa no Brasil (DGP), divulgado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CPNq). O cenário brasileiro é visto com otimismo por Seabra, da Abec. “As revistas brasileiras têm melhorado nos últimos anos. Os editores procuram aperfeiçoar a qualidade dos artigos investindo em sistemas eletrônicos de submissão, na tradução para o inglês, na internacionalização de seu corpo editorial e no time de revisores, entre outras ações”, explica. O Brasil é o país que mais publicou artigos na América Latina entre 1996 e 2015, segundo o Scimago & Country Journal Rank, um site agregador de publicações científicas. No ranking global, que é liderado pelos Estados Unidos, o País ocupa a 15ª posição. Apesar disso, ainda há muito a ser feito. As agências de fomento encorajam os pesquisadores a publicar seus melhores artigos em revistas internacionais. A Capes disponibiliza um acervo com mais de 38 mil publicações internacionais e nacionais para instituições de ensino e pesquisadores. De acordo com a diretora de avaliação da instituição, Rita Barradas Barata, é preciso buscar temas pertinentes. “A publicação tem que ser uma contribuição científica relevante, resultado do trabalho de pesquisa desenvolvido”, afirma. “Muitos alunos se interessam pela iniciação científica, mesmo que depois não queiram seguir uma carreira acadêmica. A formação científica é relevante tanto em um caso como no outro.” A Plataforma Sucupira também é uma maneira de buscar as publicações com avaliação pela Capes. É possível realizar um filtro com período, área de avaliação, o ISSN (International Standard Serial Number) — sigla em inglês para Número Internacional Normalizado para Publicações Seriadas —, o título e a classificação. “Ter seus artigos analisados por outros pesquisadores, manter a qualidade, a periodicidade e uma boa avaliação são desafios constantes. A Capes tem avaliado os periódicos a partir de sua vinculação e aproximação com programas de pós-graduação. Isso faz com que as revistas científicas procurem se verticalizar e se externalizar, buscando autores e leitores de graduação e de pós-graduação”, conta Sueli. O Qualis do Capes, disponibiliza uma lista com a classificação de periódicos científicos em estratos A1, A2, B1, B2, B3, B4, B5 e C, sendo A1 o nível mais elevado e C o mais baixo.
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