A PLATAFORMIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO PAULISTA E A SUBALTERNIDADE DO PROFESSOR
Palavras-chave:
Ensino de Línguas, Autonomia, Plataformas DigitaisResumo
Este artigo busca analisar os efeitos da introdução do aplicativo Education First para o Componente Curricular Língua Inglesa no contexto do ensino médio público estadual de São Paulo. Durante uma experiência de estágio supervisionado, em um curso de licenciatura em Letras Inglês-Português, presenciou-se a inserção do aplicativo em sala de aula e os efeitos disto oriundos. Para analisar tal fenômeno, partir-se-á das utópicas promessas associadas com o uso de novas tecnologias no contexto escolar, como o projeto One Laptop per Child, conforme discutido por Ames (2019), buscando entender como tal filosofia se posiciona no contexto nacional. Almeja-se discutir como a tecnologia pode se posicionar como uma promessa de progresso revolucionário, mas falha em considerar contextos reais e necessidades urgentes da educação, como debatido por Apple (2004) e Selwyn (2017), e então contrapor o que foi decretado com o que de fato está acontecendo atualmente em São Paulo. A partir de Contreras (2002), tal análise busca explorar como a busca por uma teórica meritocracia, por eficiência e produtividade, priva o professor de autonomia para contextualizar o ensino à sua realidade, reduzindo o papel do educador a uma tarefa mecânica e despersonalizada, desprovida da possibilidade de selecionar sua própria metodologia.
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